Coronavírus representa risco maior para doentes crônicos

O atendimento domiciliar pode ajudar a evitar a transmissão para pessoas do grupo de risco

Pessoas portadoras de doenças crônicas, como o diabetes ou hipertensão, correm um risco maior de complicações em caso de infecção pelo novo coronavírus. Mas uma tecnologia implantada em Alagoas para automatizar atendimentos no sistema público de saúde pode ajudar a reduzir os danos.

De acordo com dados do governo da China – onde a pandemia teve início – que foram compilados por especialistas da OMS (Organização Mundial da Saúde), em fevereiro, entre as pessoas infectadas que não possuem comorbidades, a taxa de mortalidade é de 1,4%. Já entre os infectados que já possuíam doença cardiovascular, por exemplo, esse índice aumentou para 13,2%. No caso dos diabéticos, o índice registrado foi de 9,2%. Em hipertensos, foi de 8,4%.

Foram analisados cerca de 55,9 mil casos e mais de 2 mil mortes registrados na China.

Tecnologia pode ajudar a evitar mais casos

Em Penedo, portadores de doenças crônicas têm recebido uma atenção diferenciada que pode ajudar a evitar complicações. Desde 2018, os pacientes crônicos do sistema público de saúde da cidade passaram a ser atendidos por meio de uma plataforma de gestão de atendimentos desenvolvida pela startup PGS Medical.

A plataforma garante a continuidade do tratamento e viabiliza visitas domiciliares nos casos mais complexos. Com isso, os pacientes não apenas tiveram melhora no quadro de saúde, mas também deixaram de ir com tanta frequência às unidades de saúde – a redução no número de visitas foi de 90%.

O diretor da PGS Medical, Wagner Marques, acredita que isso possa ajudar a combater a disseminação do vírus e mortes no Brasil. “Se você vai menos no pronto-socorro, você tem menos chances de ser infectado”, explica Marques. “Além disso, essas pessoas ficam imunologicamente fortalecidas para enfrentar uma eventual infecção”.

Uma das enfermeiras que atuam na equipe da PGS Medical em Penedo é Mey-Ling Nunes. Segundo ela, os cuidados com os pacientes começam na unidade de saúde, onde já foram adotadas as orientações do Ministério da Saúde. “A equipe foi capacitada para receber os casos suspeitos, bem como sobre os devidos encaminhamentos”, conta.

Tanto os pacientes que vão às consultas nas unidades de saúde quanto aqueles que recebem visitas domiciliares da equipe são orientados sobre as melhores práticas para evitar o contágio. “Alguns dos nossos pacientes pertencem a grupos de maior risco. Mas, com suas patologias controladas e uma boa orientação, eles podem resistir”, comemora.

Mais vagas nas unidades

Segundo Wagner Marques, o COVID-19, além de uma superlotação no SUS, pode causar um aumento de gastos e falta de recursos significativo. “Esse grupo representa 4% da população e cerca de 50% dos gastos da saúde. Se as pessoas começarem a ter um quadro de coronavírus, isso pode representar um gasto e uma lotação ainda maior. Não tem UTI para todo mundo”.

Por isso, outra vantagem de uma gestão de atendimentos automatizada no SUS seria “desafogar” as unidades. “Você evita que essas pessoas se contaminem e evita que elas ocupem, por causa das doenças crônicas, os lugares que podem ser usados pelas pessoas com complicações causadas pelo coronavírus”, afirma. “Evitamos visitas às unidades de saúde motivadas pelas doenças crônicas, diminuímos as chances de contágio, e aumentamos a imunidade dessas pessoas, para prevenir possíveis complicações do coronavírus”.


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