Coronavírus e epidemia de dengue juntos podem criar risco à saúde no Paraná

 

Por Alberto Ramos

O Paraná vive uma epidemia de dengue. Dos 399 municípios do estado, 328 já registraram casos confirmados da doença, mais de 102.400 – de julho de 2019 a abril de 2020. Nesse período foram contabilizados 78 óbitos.

Os números estão no mais recente Informe Técnico da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), que aponta ainda 189 municípios em estado de epidemia pela doença e 271 cidades com casos autóctones de dengue (adquiridos na zona de residência do enfermo).

Além disso, há uma preocupação de algumas autoridades de saúde de que testes falso-positivos de dengue podem esconder a Covid-19, que tem características parecidas e traz sérias implicações ao paciente.

A epidemia de dengue que o Paraná vive é anterior à chegada do novo coronavírus. Os números de casos que algumas cidades registram são alarmantes. Para se ter uma ideia, Londrina tem 8.132 casos confirmados, Paranavaí, 6.699 e Foz do Iguaçu, 4.334. Essas cidades também estão sendo acometidas pela Covid-19.
LITORAL
O Litoral do Paraná tem 143 casos confirmados de dengue. Destes, 121 estão em Paranaguá. A cidade também já registrou dois óbitos pelo novo coronavírus e tem atualmente seis casos confirmados da doença.

A preocupante situação de liderar o número de ocorrências nas duas doenças fez com que a secretária de saúde do município, Lígia Regina de Campos Cordeiro, consultasse infectologistas a respeito da possibilidade de um mesmo paciente contrair dengue e Covid-19, mas não obteve uma resposta satisfatória.

A verdade é que a comunidade médica ainda não sabe com precisão a influência do quadro de dengue somado à Covid-19, que agora também chega com força na região.
ALERTA
Um artigo científico, recentemente publicado na revista The Lancet, uma das mais antigas e conhecidas publicações médicas do mundo e descrita como uma das mais prestigiadas, traz um alerta sobre a proximidade entre as duas doenças, que são difíceis de distinguir porque compartilham características clínicas e laboratoriais.

O estudo descreve dois casos ocorridos em Cingapura, em que os pacientes apresentaram resultados falso-positivos para dengue. Exames posteriores comprovaram que eles estavam infectados pelo novo coronavírus.

O primeiro caso foi de um homem de 57 anos de idade, sem histórico médico, de viagem ou de contato relevante no passado, que se apresentou em um hospital regional em 9 de fevereiro de 2020 com três dias de febre e tosse.

Ele recebeu atendimento após um teste rápido negativo para dengue, mas retornou a uma clínica pública de saúde primária com febre persistente e piora em vários indicadores. Um segundo teste rápido foi repetido e o resultado foi positivo para dengue.

Encaminhado ao hospital por dengue com piora da tosse e dispneia (dificuldade de respirar), acabou fazendo o teste para Covid-19, que deu positivo. O resultado inicial para dengue foi considerado falso-positivo.

O segundo caso, de uma mulher de 57 anos sem histórico médico, viagem ou contato relevante no passado, que se apresentou em um hospital regional em 13 de fevereiro de 2020 com febre, mialgia (dor muscular), tosse leve de 4 dias e 2 dias de diarreia.

Ela testou positivo para dengue, recebeu alta com acompanhamento ambulatorial, mas retornou dois dias depois com febre persistente, e piora no quadro geral. Verificou-se posteriormente que ela testou positivo para o novo coronavírus. O teste inicial da dengue também foi considerado falso-positivo.
SITUAÇÃO NO BRASIL
O Agora Litoral ouviu autoridades e especialistas no assunto e a resposta deles é unânime. Não há estudos que possam indicar o que irá ocorrer com o infectado por dengue que também contrair o coronavírus.

O que se sabe é que haverá problemas para diferenciar um quadro do outro e para atender todos se houver demanda na expectativa atual, como mostra o artigo da The Lancet.

No entanto, nenhum dos países acometidos pelo novo coronavírus viveu esse tipo de realidade. Ou seja, sem pesquisa científica sobre a situação não há resposta precisa.

“Com essa epidemia, nós vamos descobrir se existe essa interação e se ela é a favor da gente ou do coronavírus”, alerta a infectologista Flávia Trench, professora assistente do Curso de Medicina da UNILA (Universidade Federal da Integração Latino Americana).

“Entre tantas coisas que estamos aprendendo com o coronavírus ao longo da pandemia, esta é mais uma que teremos de aprender. E teremos de conviver com isso. Nem eu e nenhum infectologista do Brasil ou do mundo sabe hoje se esse tipo de interação existe ou não”, pontuou a médica.

Já Diego Arthur Castro Cabral, acadêmico de Medicina da Universidade Federal do Pará, defende que deixar de considerar a Covid-19 por causa de um resultado positivo no teste rápido para dengue pode acarretar sérias implicações não apenas para o paciente, mas também para a saúde pública.

Contudo, segundo ele, apesar de tais dados alarmantes devemos considerar que durante a pandemia em vigor o número de casos que possuem tal correlação entre as doenças é muito baixo.

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Texto Retirado Agora Litoral


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